Ninguém hoje escreveria como Nelson. Sim, é o óbvio
ululante, assim só nasce um, pode até nascer outro do mesmo quilate, mas será
diferente. Não é só: o pós-moderno é muito estéril para aceitar uma prosa
semelhante a de Nelson Rodrigues. Aceita dele a biografia literária porque é
impossível lhe negar os muitos méritos, mas outro Nelson seria afogado pelo
primeiro carimbo terminado em “ista” da turma certinha.
Canalhas não podiam existir (admitidos) antes de Nelson,
muito menos são admissíveis após Nelson. Só com ele, por causa dele, a
canalhice de cada um e de todos ousou se livrar de camadas de véus. A Flica
2012 presta reverência a esse ousado ímpar, bendito maldito, trazendo sua filha
Sonia Rodrigues e uma de suas mais profundas e capazes admiradoras, Adriana
Facina. Que o tempo de Nelson, por ele marcado, véus retirados, possa voltar,
pelo menos nas duas horas dessa mesa-homenagem.
Flica.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário