SEMANALMENTE, DOCUMENTÁRIOS DA REGIÃO, BRASIL OU DO MUNDO.
Doc. nº 4
Semana nº 3, 08 a 15 de Outubro 2012
Embora o número de eleitores
aptos ao voto facultativo, com 16 e 17 anos de idade, tenha aumentado em
relação à última eleição, em 2010, a percepção é que há um desinteresse dos
jovens nessa faixa etária em relação à eleição deste ano. A avaliação é do
cientista político Eurico de Lima Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense
(UFF).
Para ele, essa percepção não é só restrita ao Brasil. "A
desmotivação é mundial", disse. "Parece que nós vivemos uma época em
que os jovens encontram soluções que já estão dadas", completou.
Figueiredo acredita, no entanto, que principalmente agora, na Europa, haverá um
recrudescimento da participação juvenil na tentativa de encontrar soluções para
os novos problemas colocados pela crise econômica. "A tradição mostra que
são os jovens que mais reagem a situações de crise, inclusive porque eles trazem
dentro de si o futuro e reconhecem nas situações críticas do presente o que não
deve ser feito e o que precisa ser mudado". No caso do Brasil, analisou
que a última participação forte da juventude na política ocorreu com a geração
dos "caras pintadas", que foram às ruas pelo impeachment de Fernando
Collor, da Presidência da República (1992). Por isso, reiterou que a
desmotivação é uma tendência geral do mundo, que vive uma situação que,
"para o jovem, é relativamente confortável". Segundo o professor de
pós-graduação em ciência política da UFF, há uma ideologia espalhada no ar, que
se denomina pós-modernismo, onde se cultiva muito o individualismo, em vez das
preocupações coletivas e sociais. E isso tudo influencia o comportamento
juvenil. "Por isso, não é de se estranhar que haja essa
desmotivação", declarou. Vinicius de Sá Machado foge a essa regra. Morador
de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, o estudante de 17
anos lamentou ter perdido o prazo para tirar o título de eleitor para poder
votar no próximo domingo (7). Ele se definiu motivado. "Os candidatos
todos despertam o interesse. Mas muitos prometem e não fazem nada", disse
à Agência Brasil. "Eu queria votar para ajudar a minha cidade",
acrescentou. O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel
Iliescu, chamou a atenção para o fato que apesar de o número percentual de
jovens entre 16 e 18 anos incompletos com inscrição eleitoral não ser tão
expressivo, "ano a ano, nas eleições, nunca tantos jovens estiveram aptos
a votar". De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de
brasileiros de 16 e 17 anos que têm inscrição eleitoral subiu de 2.391.092, em
2010, para 2.913.627 este ano. O mesmo ocorreu em relação ao estado do Rio de
Janeiro, onde o número de eleitores nessa faixa etária evoluiu de 103.948, na
eleição de 2010, para 117.988, em 2012. Iliescu observou que ao mesmo tempo é
grande o número de candidatos jovens. "No geral, vai ser uma eleição que
tem recorde de participação de jovens, tanto em eleitores, como em
candidatos". Por essa razão, definiu como relativo o dado que aponta uma
desmotivação dos eleitores de 16 e 17 anos para o pleito deste ano. Destacou
que o voto para menores de 18 anos foi um direito conquistado na Constituição
de 1988. "É um direito caro para o país e uma forma importante de os
jovens entrarem em contato com a cidadania e com seus deveres enquanto cidadãos
para opinarem sobre a política em seu país". A UNE pretende trabalhar para
que os jovens "agarrem esse direito com mais expressão". A impressão
do presidente da entidade estudantil é que existe um certo desencanto, uma
rejeição à política, diante do atual cenário político nacional. "Mas, por
outro lado, existe cada vez mais entre os jovens a noção que a política ajuda a
mudar as coisas". Entre as políticas públicas que obtiveram sucesso nos
últimos tempos, citou como exemplo a questão das cotas. A percepção, explicou
Iliescu, é que o jovem, ao prestar mais atenção no debate eleitoral, pode mudar
as coisas no Brasil, "devido à vigilância da sociedade contra a
corrupção". "Se por um lado existe uma certa rejeição à política, eu
entendo que ela vai cedendo espaço, cada vez mais, a uma vontade do jovem de
participar mais das coisas". O presidente da UNE estimou, porém, que serão
necessárias mais algumas eleições para que essa participação da juventude na
política possa se tornar mais nítida". As informações são da Agência
Brasil.
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